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Restauracao

Enriquecimento com plantio de mudas nativas

Área com componentes arbóreos e pouca diversidade.

Esse método é utilizado em áreas com estágio intermediário de degradação, nas situações onde a área a ser recuperada já se encontra ocupada com espécies iniciais da sucessão ecológica.

A presença de espécies iniciais pode ser resultado do plantio de indivíduos, germinação do banco de sementes, ou até mesmo a existência de indivíduos remanescentes na área.

Independentemente do modo como ocorreu esta ocupação, geralmente há baixa diversidade de espécies (normalmente espécies iniciais da sucessão), necessitando-se assim de um enriquecimento com espécies não pioneiras, privilegiando espécies zoocóricas (sementes dispersas por animais), plantadas em alta diversidade, com o intuito de garantir a restauração dos processos ecológicos. Esse plantio é realizado sob os indivíduos de espécies iniciais ou pioneiras já estabelecidos.

Realizamos o plantio de mudas nativas em áreas que se encontram em processo de regeneração, em estágio pioneiro e/ou com ilhas isoladas de remanescentes florestais em regeneração. Para tal, o número de mudas foi definido caso a caso de acordo com o diagnóstico da área.



Enriquecimento com Palmeira Juçara

Palmeiras Juçara

A Juçara (Euterpe edulis) é uma espécie nativa da Mata Atlântica que recebe o status de vulnerável na Lista Oficial da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção (Portaria MMA Nº 148, de 7 de junho de 2022).

É uma palmeira que atinge 15 m de altura, cujo palmito (parte superior do caule) é muito apreciado na culinária. Como ela apresenta caule único, a extração de seu palmito ocasiona a morte da planta inteira. É justamente a extração predatória do palmito a principal ameaça à sobrevivência dessa espécie. É uma espécie-chave na conservação da Mata Atlântica, pois seus frutos são uma importante fonte de alimento para diversos animais. Portanto, sua conservação reflete positivamente na conservação do ecossistema como um todo.

A polpa extraída dos frutos da Juçara é altamente nutritiva e tem diversos usos na alimentação humana. Muito semelhante à polpa do açaí (palmeira do mesmo gênero botânico, comum na região norte do Brasil), o uso sustentável da polpa da Juçara para fins alimentícios oferece possibilidades para geração de renda e segurança alimentar das populações locais, ao mesmo tempo que contribui para a conservação da Mata Atlântica.

Fisionomia florestal de uma das áreas


Por isso, a Akarui tem um longo histórico de projetos relacionados à conservação e uso sustentável da Juçara, trabalhando no incentivo ao plantio, coleta de sementes e comercialização de produtos oriundos dessa palmeira.

Para os 5 hectares de enriquecimento com Juçara selecionamos três áreas (duas delas medindo 1,5 ha e outra com 2 ha) em estágio médio de regeneração, que já tinham fisionomia florestal (floresta secundária) e sem a dominância excessiva de herbáceas invasoras como a braquiária e a samambaia.

Além disso, escolhemos áreas que não estão localizadas nas imediações diretas do Parque Estadual da Serra do Mar e onde não verificamos a presença prévia de indivíduos de Juçara.

O intuito foi promover o repovoamento desta espécie em áreas que têm poucas chances de receber suas sementes por dispersores naturais, mas que apresentam condições de solo e sombreamento suficientes para germinação das sementes e estabelecimento das plântulas de Juçara.

Essas áreas foram também experimentais, onde testamos duas diferentes técnicas de semeadura. Cada uma das 3 áreas foi dividida ao meio e em cada metade a semeadura foi feita de uma forma diferente. Assim, ficamos com 3 repetições das duas técnicas de semeadura, J1 e J2:




Plantio J1
  • Lanço manual de 10 kg de sementes por hectare.
  • Foram percorridas trilhas lineares distantes 3 metros entre si; a cada 3 metros eram lançados aproximadamente 20g de sementes para o lado direito e para frente, no intuito de cobrir a área toda.

Plantio J2
  • Plantio das sementes em ‘covetas’, na densidade de 2 kg por hectare.
  • Foram percorridas trilhas lineares distantes 3 metros entre si; a cada 3 metros era feita uma coveta e plantadas 3 sementes.


Lanço de Juçara realizado pelo proprietário da área | Plantio de sementes em coveta feita com cavadeira


A semeadura foi realizada em setembro de 2022, março de 2023 e fevereiro de 2024.
Esquema com percurso traçado para fazer a semeadura/plantio.

Os procedimentos e resultados do monitoramento podem ser vistos na seção sobre Pesquisa.

As sementes foram coletadas em agosto de 2022, de matrizes em Resende-RJ; já nos anos de 2023 e 2024 foram coletadas em Natividade da Serra (bairro Vargem Grande).
É importante observar que as sementes de Juçara não mantêm sua viabilidade por muito tempo, por isso devem ser plantadas o mais rápido possível.

Custos

A tabela abaixo traz o custo médio por hectare de cada tratamento experimental na implantação das áreas de enriquecimento com palmeira Juçara.
Não foi possível verificar a diferença no custo da mão de obra em cada tratamento, pois a semeadura foi feita no mesmo dia em cada localidade, independentemente do tratamento, e medimos o custo de mão de obra pela diária paga aos semeadores.

Custo total (R$/ha) Mão de Obra (R$/ha) Sementes (R$/ha) Sementes - lanço (R$/ha) Sementes - plantio (R$/ha) % Mão de Obra % Semente lanço (J1) % Semente plantio (J2)
1.254 870 384 320 64 69 26 5