Os SAFs podem ser definidos como um “sistema de manejo sustentável da terra que busca aumentar a produção de forma geral, combinando culturas agrícolas com árvores e plantas da floresta e/ou animais simultânea ou sequencialmente, e aplica práticas de gestão que são compatíveis com os padrões culturais da população local”.
Os sistemas mais diversificados e similares aos ecossistemas florestais naturais são conhecidos por agroflorestas sucessionais ou biodiversas, caracterizadas por alta diversidade de espécies e cujo manejo baseia-se na sucessão natural das espécies. Estes tipos de SAF também permitem a inclusão do conceito amplo de restauração ecológica produtiva, em que o sistema fornece alimentos e outros benefícios sociais, inclusive renda, ao mesmo tempo em que desempenha uma série de funções ecológicas importantes.
Partimos da premissa de que a espécie humana faz parte da natureza e, assim, sua ação não necessariamente é prejudicial ao meio; pelo contrário, pode ser benéfica, geradora de mais vida e recursos.
A atual legislação brasileira de proteção da vegetação nativa Lei 12.651/12, também conhecida como o Novo Código Florestal abre caminhos para a possibilidade de restauração ecológica com sistemas agroflorestais, contanto que estes sistemas mantenham ou mesmo aprimorem as funções ecológicas básicas da área.
Sendo assim, o projeto Reflorestar implantou dois SAFs biodiversos, de 0,5 hectare cada, em propriedades rurais em que os proprietários demonstraram grande interesse e aptidão para a intensidade de observação e manejo que esses sistemas demandam.
O desenho desses SAFs foi realizado pela equipe técnica junto com os proprietários.
Depois de algumas reuniões e visitas às áreas foram definidas as espécies, os espaçamentos e a necessidade de manejo, tendo em conta as características do terreno e da paisagem, as preferências dos proprietários, a disponibilidade de mudas e sementes, entre outros fatores.
A ideia do plantio utilizando as técnicas de Sistema Agroflorestal tem o objetivo de criar florestas produtivas, sendo que nessas propriedades os proprietários optaram por focar em produção de frutas nativas e exóticas. Devido às áreas não estarem em Área de Preservação Permanente (APP) , temos liberdade para plantar espécies exóticas consorciadas com as nativas.
Para a implantação das áreas, foram realizados dois mutirões, contando no total com cerca de 20 pessoas sendo elas moradores da região, agricultores, pecuaristas e nossa equipe.
O solo foi previamente preparado pelos proprietários com a roçada da braquiária, amontoa nas leiras da linha de plantio, abertura do berço com distribuição dos insumos (Yoorin, Ekosil, torta de mamona e calcário). No dia foram distribuídas plaquetas (feitas de palito de churrasco com fita crepe indicando o nome da muda a ser plantada) em cada berço de forma que as pessoas pudessem plantar de acordo com o planejamento.
A interação entre os presentes, trocas de saberes, alimentos compartilhados e trabalho em conjunto são atividades que buscamos fortalecer na comunidade através do cuidado com o meio ambiente, e os mutirões são ótimas oportunidades para isso! Um dos participantes do mutirão gentilmente fez imagens de drone da área em um desses dias de trabalho.
Esquerda a direita: Berço aberto com insumos distribuídos | Plantio de mudas | Finalização de um dia de mutirão com música e brincadeira com as crianças | Pessoal reunido ao final do dia
A tabela abaixo traz o custo por hectare de cada área na implantação do Sistema Agroflorestal com foco em frutíferas.
Mão de Obra (R$/ha) | Insumos (R$/ha) | % Mão de Obra | % Insumos | Total (R$/ha) | |
---|---|---|---|---|---|
SAF 1 | 3.972 | 13.771,40 | 22 | 78 | 17.743,40 |
SAF 2 | 7.400 | 10.100 | 42 | 58 | 17.500,00 |