Análise de percepção
Foram feitas entrevistas com os proprietários das áreas em restauração com os objetivos de:
- captar as percepções sobre serviços ecossistêmicos ligados à restauração, incluindo benefícios e potenciais desvantagens;
- conhecer melhor o histórico e as intenções do proprietário em relação ao uso da terra na propriedade;
- conhecer o perfil do proprietário e sua família. Com isso, pretendemos conhecer melhor as características e motivações das pessoas com inclinação a participar de projetos de restauração, o que poderá contribuir futuramente para o direcionamento das ações de mobilização e engajamento para públicos específicos.
As entrevistas seguiram o roteiro semiestruturado - elaborado pela equipe da Akarui, com colaborações da equipe do WWF-Brasil e da Dra. Anazelia M. Tedesco (Universidade de Queensland, Australia) - e tiveram duração entre 42min e 2h30min.
Foram realizadas pelas integrantes da equipe Juliana Farinaci e Maria Tereza Roman, algumas delas acompanhadas por Nádia Pontes.
Seis entrevistas foram realizadas à distância, por videoconferência, e 18 na forma presencial. Todas as entrevistas foram gravadas em áudio e também registradas em papel, junto ao formulário impresso.
Este material recebeu uma primeira análise pela equipe da Akarui, cujos resultados mais relevantes são apresentados a seguir. O material coletado também será analisado de forma mais aprofundada por nossos parceiros da UNICAMP; saiba mais em Parcerias
Uso da terra: passado e presente
Em relação ao uso passado, não é surpreendente que a maioria (74%) relatou que o uso anterior da propriedade era pasto, muitas vezes degradado e/ou abandonado.
Quanto aos usos atuais, a maioria das propriedades tem características multifuncionais, sem uso intensivo.
Motivações para restaurar
Perguntamos aos entrevistados, de forma aberta, “qual sua motivação para restaurar?”.
Agrupamos as respostas em 4 temas de acordo com o significado intrínseco na fala do entrevistado:
- (i) legado familiar: exemplo da família/antepassados;
- (ii) princípios éticos e/ou filosóficos: deixar uma contribuição para o planeta, ato de resistência à destruição, é o certo a se fazer, busca de conexão com a natureza;
- (iii) admiração pelos seres e processos naturais: gosto/ respeito/ admiração pela natureza, constatar que é possível transformar, observar a capacidade de auto-regeneração da natureza;
- (iv) razões práticas: oportunidade de adequação à legislação, saúde física ou mental, atrativo turístico, projeto de futuro pós-aposentadoria, auxílio na produção.
Para representar graficamente, somamos o número de vezes que os itens de cada categoria foram mencionados, e as quantidades correspondentes foram distribuídas proporcionalmente, como no gráfico a seguir.
Pedimos aos entrevistados que classificassem, numa escala de importância, os possíveis benefícios ou ganhos que poderiam ter restaurando áreas em suas propriedades, que eles classificaram como:
- nenhuma importância;
- pouco importante;
- mais ou menos importante;
- importante;
- muito importante.
Tiramos uma média das respostas dadas por todos os entrevistados para cada item e os valores foram plotados num gráfico de radar, que sintetiza graficamente os resultados.
É possível perceber que todos os itens foram considerados importantes, com menor peso para os atrativos turísticos e os incentivos financeiros. Um tema que foi mencionado espontaneamente (não listado) por alguns proprietários é a assistência técnica a que têm acesso ao participar dos projetos.
Perspectivas futuras
Quando perguntados sobre o que os proprietários visualizam para sua propriedade nos próximos 10 anos, notamos uma grande diversidade de atividades (veja nuvem de palavras a seguir). No entanto, sobressai o foco em autossuficiência e autossustentabilidade como intenções principais, como pode ser visto na figura ‘nuvem de palavras’.